Conhecendo Lisboa: o centro

Elétrico na Baixa

No artigo anterior falei daquela zona de Lisboa que se estende da Expo até ao centro. É uma faixa que tem ao longo do tempo ficado um pouco esquecida, embora recentemente Marvila tenha recuperado um pouco o fôlego. Mas é nas freguesias de Santa Maria Maior e Misericórdia que tudo muda: mais gente, mais comércio e mais monumentos. É também aqui que todos os turistas que vêm a Lisboa normalmente começam a sua visita.

Falar do que aqui se pode ver e fazer num único texto não é possível. Há muita coisa, embora esteja tudo muito concentrado, sobretudo em Santa Maria Maior – Alfama, a Sé de Lisboa, o Castelo, depois temos toda a Baixa Pombalina, o Elevador de Santa Justa, o Chiado, a Praça do Comércio, mas dá para fazer quase tudo a pé. É uma zona fervilhante e cheia de motivos para visitar, mas na minha opinião é para se ir descobrindo aos poucos,  esquecer que há mapas e telefone e fazer como nos velhos tempos antes da tecnologia: a nossa cabeça vira Gps e vai-se andando e vendo. Como há muitas ruelas, caso se perca, aí sim, use a tecnologia para lhe dar uma mãozinha para se achar na cidade novamente.

Vista sobre a baixa de Lisboa

Lisboa – destino tendência

Nada do que aqui há mudou radicalmente. Os monumentos sempre lá existiram, as praças  são as mesmas, as ruelas continuam estreitas e muitas lojas são antigas. Claro que agora há mais hotéis, cafés e lugares da moda para sentar e tomar um café ou uma cerveja. Sempre se visitou Lisboa pelo património arquitetónico e pelos bairros antigos envoltos em mistério e tradição. A gente usa uma expressão e dizemos que são bairros castiços. Ser castiço é isso mesmo, uma espécie de antigo com tradição e algo vincadamente bairrista. Mas hoje em dia há mais do que apenas os monumentos, porque Lisboa conseguiu se reinventar como um destino da moda a nível europeu (ou até mundial). E é precisamente isto que se sente no ar e que é meio difícil de explicar: tornou-se num destino tendência. Lisboa tem bares, restaurantes e monumentos que contribuem para isso. Mas outras cidades europeias também têm tudo isso (e mais!). Lisboa tem vistas incríveis a partir das suas colinas e a luz aqui é única no mundo, uma luz que inunda a cidade ajudada pelo reflexo do Rio Tejo e animada pelas cores vivas do casario. Mas isso não chega. Há lugares incríveis em tanto lado, há monumentos belíssimos em tantas cidades pelo mundo afora. O que faz possivelmente toda a diferença é esta mistura de “castiço” – esse traço real e genuíno – com naturalidade e descontração. Lembro sempre de um amigo meu dizer que quando aterra numa outra cidade europeia onde ainda vive, mal sai do avião e já começa o stress. Há cidades assim meio agressivas onde parece que o dinheiro dita tudo, onde é preciso correr para todo o lado. A sensação que tenho é que aqui o Universo anda mais a nosso favor. E é neste espírito cool que os bares, restaurantes, lojas da moda, lojas de decoração e galerias de arte, rooftops e alojamentos trendy dão uma outra cara à antiga da Baixa. Todos se distinguem pelo seu aspeto mais vanguardista no meio da velha Lisboa.

Castelo de São Jorge e Baixa

Próxima etapa: Misericórdia

Vamos prosseguir. A Misericórdia é a nova freguesia que resultou da união de quatro outras pequenas freguesias, mas onde reside bastante gente, sendo menos comercial que a Baixa. Ela começa mais ou menos no Cais do Sodré e vai até ao Príncipe Real, e depois de Santos até perto da Estrela. Não é assim tão grande, mas apanha o Bairro Alto, o badalado Mercado da Ribeira e o Miradouro de Santa Catarina que tem uma vista fabulosa que recomendo vivamente. Mas prepare-se que aqui o terreno não é plano. Só é plano entre o Cais do Sodré e Santos, o resto é para se ir fazendo, com uns sapatos que não magoem os pés. A zona do Bairro Alto é a meca para sair à noite, onde bares e restaurantes convivem lado a lado. No Verão, principalmente, toda a gente está na rua e acho que este é um bairro boémio que deve visitar se quer beber um copo e divertir-se um pouco. Esta zona é bastante interessante e prepara-nos já para as próximas freguesias do próximo artigo semana que vem: Estrela, Alcântara e Ajuda.

Espero que tenha ficado com uma ideia do espírito que se vive nestas zonas de Lisboa e no próximo artigo continuo, ainda junto ao rio Tejo, nesta nossa viagem pelos bairros de Lisboa. É já uma zona diferente do centro histórico, mas tem algum lugares que merecem destaque.

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