No artigo anterior comecei por falar da parte mais oriental de Lisboa e vamos agora seguir por esta faixa junto ao rio Tejo até chegarmos quase ao centro. Saindo do moderno Parque das Nações, com uma mistura de edifícios novos e altos, comércio e muitos escritórios vamos prosseguir paralelamente ao rio até entrarmos em Marvila, que é a maior das quatro freguesias e provavelmente onde mais coisas novas estão a acontecer neste momento, seguidamente falaremos sobre a freguesia do Beato, uma ponta da freguesia da Penha de França e finalmente São Vicente (já colado com Alfama).
Estas quatro freguesias têm algo em comum: todas foram um pouco esquecidas ao longo dos tempos e revelam edifícios velhos (antigos é no centro, aqui é mesmo velho!), muitos armazéns e antigas fábricas, muitas delas abandonadas, sendo uma zona mais residencial com habitação baixa. Saindo da Expo o melhor é apanhar o autocarro 728 que passa em todas as zonas que vamos falar hoje.
Marvila reinventa-se
A zona do Braço de Prata é logo a primeira a seguir à Expo e onde está a ser construído um novo empreendimento habitacional e comercial de segmento alto. Esta será, porventura, a grande “novidade” da zona e aquela que possivelmente mais vai impactar em Marvila. No entanto, já começaram a surgir nos últimos anos novos bares de cerveja artesanal, lojas trendy e restaurantes. Com os preços por metro quadrado a subir no centro e existido aqui uma zona que tinha espaço e ficava muito perto da Baixa de Lisboa, não admira que as empresas começassem a olhar para Marvila com outros olhos. Claro que o problema mais evidente é que não é a zona da moda como o Chiado, não tem monumentos como Belém, nem edifícios de qualidade para comércio como a Expo. Mas os espaços são amplos e mais baratos e isso são duas coisas que pesam sempre. A Fábrica do Braço de Prata, uma antiga fábrica de munições de guerra, é hoje um centro cultural com um restaurante e um bar, e é entre esta zona e a Rua do Açúcar que apareceram mais restaurantes e bares da moda. Aquilo que mais despertou a atenção foi a chegada de cervejeiras – Dois Corvos, Lince e Musa – por oferecerem um conceito inovador de cerveja artesanal. Vale a pena descobrir este pedaço de Marvila se você gosta de algo mais tranquilo, senão vai sentir-se como um peixe sozinho no meio de um aquário enorme.
Beato, Penha de França e São Vicente
Entramos na freguesia seguinte, o Beato e também um bocadinho da Penha de França que se estende praticamente desde a Avenida Almirante Reis até ao rio. Se fosse um artigo convencional iria buscar algo para vos falar, mas este é um guia pouco convencional e sendo curto e direto acho que podemos passar à frente. Se é que me entendem!?
O Museu Nacional do Azulejo merece um destaque sejamos justos, mas quero já entrar em São Vicente porque é nesta freguesia mais pequenina que se encontram algumas “pérolas” que eu gosto muito. É mesmo no finalzinho desta freguesia, já depois de passar a zona dos contentores (containers), sim é feia e é para passar rápido, que chegamos a Santa Apolónia onde tudo muda. Para começar há a badalada discoteca Lux que ainda atrai odes de gente, o edifício da Estação de Santa Apolónia que é o terminal da linha do norte (ligação por trem entre Lisboa e Porto) e, em especial, a zona ribeirinha que se está a transformar por causa do novo terminal de navios de cruzeiro. Aqui está a fazer-se um trabalho imenso que começa a dar alguns frutos e a zona está a ficar bem interessante. O Museu Militar fica mesmo em frente a Santa Apolónia, mas é subindo por becos e vielas, talvez o mais fácil seja indo pela Rua Museu da Artilharia e Calçada do Cascão, que chegamos ao Panteão Nacional e à Igreja de São Vicente. Haverá muita informação online disponível para você saber mais sobre este dois monumentos, mas a ideia que quero passar é que toda esta zona pode ser explorar a pé e não deve ser esquecida. Normalmente os turistas começam sempre por Alfama ou Chiado, mas aqui será um excelente ponto de partida também.
No próximo artigo vamos entrar nas freguesias de Santa Maria Maior e Misericórdia, possivelmente as duas zonas de Lisboa mais visitadas e que você não pode perder. Vou dar uma visão genérica desta zona da Baixa para que você fique com uma ideia do que aqui se pode ver. E olhe que é muito. Entre miradouros, igrejas, praças e lojas o difícil vai ser destacar algo concreto por isso vou escrever um texto mais abrangente.