O Porto é uma cidade que tem a maior parte dos seus monumentos, igrejas, praças e jardins concentrada numa zona que fica entre o início da marginal do rio Douro, a Ponte D. Luis I e a Rua de Santa Catarina. Mas um pouco mais além do centro ainda encontramos pontos de interesse e é disso que vamos falar a seguir. Do outro lado do Rio Douro, em frente à Ribeira, já é outra cidade – Vila Nova de Gaia – muito conhecida pelas suas caves de vinho do porto, mas deixarei isso para outro artigo que por si só tem muito para contar.
Vamos então continuar a nossa viagem e vamos subir até à Avenida da Boavista que é muito conhecida no Porto porque, ao contrário do centro, que tem ruas pequenas e apertadas, esta avenida é muito comprida e larga, desembocando no Atlântico, perto do Forte de São Francisco Xavier. Ela não tem muito comércio, na verdade, mas é sobretudo conhecida pela sua proximidade com a Casa da Música, o Estádio do Bessa, a Fundação de Serralves e o Parque da Cidade. Cruza a auto-estrada A1 que vem do sul do país e é neste segundo trecho da Avenida da Boavista que ela se torna mais distinta e cara, revelando quase uma cidade diferente dentro da cidade. Mas vamos por partes.
A Avenida da Boavista começa mais no centro, na Praça da República, mas aí ela não tem nada a ver com o que se torna mais adiante. No seu começo ela é uma rua estreita e sem atrativos e é só quando chegamos à Praça Mouzinho de Alburquerque, uma praça gingantesca ladeada por árvores e com o Monumento aos Heróis e Mortos da Guerra Peninsular no centro, onde tudo muda. E muda porque é precisamente aqui que se encontra a Casa da Música.
Ela é conhecida por vários motivos, mas o primeiro que me vem logo à cabeça é a sua arquitetura totalmente diferente e arrojada. Este edifício foi projetado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas e a sua forma é uma espécie de cubo com quinas. É dotada de uma excelente acústica e bons equipamentos.
Há duas salas de espetáculos principais – a sala Suggia e a sala 2 – com capacidade para mais de 1500 pessoas. Existem visitas guiadas à Casa da Música em português às 11h e 16h e custam 10€, sendo este valor descontado na íntegra num qualquer concerto que esteja a acontecer.
Verifique se há algo que lhe agrade aqui porque há quatro grupos residentes com espetáculos, por isso é bem provável que encontre um concerto interessante.
Na nossa descida pela Avenida da Boavista em direção ao mar, passamos pela zona do estádio do Bessa onde joga o Boavista Futebol Clube e chegamos agora a uma zona bem mais tranquila e que recomendo a visita – o Parque de Serralves.
Três em um
Serralves é um ótimo motivo para passar umas horas porque tem num único espaço um Parque, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves e a Casa de Serralves.
O Parque de Serralves tem cerca de 18 hectares e é um espaço com jardins, matas, um lago e contém cerca de 200 espécies de plantas. Integrada neste parque temos a Casa de Serralves, uma casa em estilo Art-Deco dos anos 30 que tem em exposição uma coleção de 85 obras do pintor catalão Joan Miró, num espaço de autoria do arquiteto francês Charles Siclis e desenhado pelo arquiteto Siza Vieira.
Também foi este último que projetou o maior museu de arte contemporânea de Portugal – o Museu de Serralves. Foi inaugurado em 1994 e tem 14 salas de exposição, biblioteca, auditório e restaurante espalhados por três pisos.
Para além da sua coleção permanente (cerca de 4300 peças) há igualmente exposições temporárias, programas educativos, sessões públicas, espetáculos de música e dança.
Finalmente, o ‘centro nevrálgico’ deste parque está na Fundação de Serralves, que coordena o museu, a casa e o parque e representa um dos mais conhecidos projetos culturais do país.
O parque dos parques
Voltamos à Avenida da Boavista e já no último trecho dos seus 6,5km encontramos uma referência na cidade do Porto – o Parque da Cidade. Se o que pretende é mesmo visitar a cidade e os monumentos então este parque não terá interesse para si, mas se, por outro lado, é daqueles que mesmo em férias não dispensa uma corrida e um pouco de ar livre então o Parque da Cidade com 83 hectares e cerca de 10km de caminhos é aquilo que precisa.
Fazer toda a Avenida da Boavista a pé é praticamente inviável, por isso se eu tiver que escolher algo em concreto e com mais interesse para o turista terá que ser a Fundação de Serralves e todo aquele espaço em volta: o museu, o parque e a casa. Mas se está de carro ou outro meio que não precise andar tanto a pé então merece a pena fazer toda a Avenida da Boavista, até porque nesta última parte da avenida chegamos ao mar e é, precisamente, a partir daqui, da Avenida de Montevideu, que iniciaremos um último tour entre a zona da Foz e a zona ribeirinha. Isto será no próximo texto da série “Conhecendo o Porto”.