Conhecendo Lisboa: de Campolide ao Areeiro

Aqueduto das Águas Livres, foto: visitlisboa.com

Vamos avançar por mais três freguesias de Lisboa, agora já longe do centro e dos turistas, mas vamos descobrir em cada uma delas um bom motivo de visita. Começamos por Campolide.

O Aqueduto

A freguesia de Campolide é cortada por uma auto-estrada muito movimentada que liga a Ponte 25 de Abril ao Eixo Norte-Sul, uma artéria de enorme importância para o trânsito que vem da parte norte em direção à margem sul do Tejo (e vice-versa). No seu todo esta freguesia é maioritariamente residencial com prédios baixos e, outrora, uma zona de grandes quintas (chácaras) e até de vinhos. Mas hoje em dia o que mais se destaca nesta freguesia é o Aqueduto das Águas Livres.

Este aqueduto com uma extensão de 14 quilómetros de Belas (vila próxima de Lisboa) transportava a água para Lisboa, abastecendo a capital entre 1748 e 1968, ano em que foi desativado. A parte mais conhecida e espetacular está precisamente nesta freguesia e liga Monsanto, a zona florestal de Lisboa que vamos falar no próximo artigo, e o reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras. São 21 arcos de volta perfeita com uma altura máxima em torno dos 65 metros no arco maior, onde a vista é impressionante. Na minha opinião o aqueduto é mais bonito à noite com a ponte ao fundo.

Aqueduto das Águas Livres à noite

A melhor forma de o ver será, possivelmente, de carro, vindo ou indo para a ponte ou cruzando o Viaduto Duarte Pacheco. Se estiver de carro passe a ponte 25 de Abril e regresse a Lisboa (via Almada), pois a vista é bem bonita e aconselho muito. Mas se não tiver carro, estas são artérias que têm muito trânsito e são de difícil acesso, logo é melhor optar por outros miradouros mais acessíveis.

As Avenidas Novas

É nesta freguesia – as Avenidas Novas – que foi implementado o Plano Geral de Melhoramentos da Capital, de Frederico Ressano Garcia, cuja intenção era desenvolver a zona norte do centro histórico. É, ainda hoje, uma zona mais dinâmica, com uma mistura residencial e de escritórios, mas também de comércio e alguns pontos de interesse turístico. A meu ver ajuda o facto de ser servida pelo metro com duas linhas muito próximas, uma zona plana com avenidas largas e com bastante oferta de espaço comercial e residencial. Mas comecemos então pela parte a sul, aquela que cola com a Rotunda do Marquês de Pombal.

O triângulo do metro

No triângulo das estações de metro – Parque, Saldanha e São Sebastião – concentram-se inúmeros hotéis e zonas comerciais. O Saldanha é, ainda, uma zona de escritórios com gente de um lado para o outro, embora a Expo tenha feito deslocar muitos deles para aquela zona. Mas aqui ainda há muita vida, muitos restaurantes pequeninos ou onde se pode comer algo rápido. Há três pequenos shoppings nesta área, tente um deles se tem pouco tempo para almoçar ou quer gastar pouco.

Placa com nome de rua

Avançamos agora pela Avenida da República, larga e ainda com algumas relíquias urbanísticas de outros tempos. Foi uma pena que muitos edifícios se perderam pois eram verdadeiras jóias arquitetónicas, mas ainda lá permanece a Praça de Touros do Campo Pequeno que é um edifício bonito de admirar mesmo para quem não gosta de touradas.

Praça de Touros do Campo Pequeno

Saímos em direção à Praça de Espanha através da Avenida de Berna e é nesta praça enorme onde se cruzam várias estradas que deve visitar a Fundação Calouste Gulbenkian. Calouste Sarkis Gulbenkian era arménio, adquiriu nacionalidade britânica em 1902, era um homem rico que investiu em diversos negócios em Londres e teve um papel importante na mediação das reservas de petróleo iranianas. Em 1942 decide fugir da guerra e vem viver para Portugal. Este colecionador e filantropo acaba por morrer em 1955 e foi, precisamente em Lisboa, que determinou no seu testamento que deveria ser construída a sede de uma fundação internacional com o seu nome, em benefício de toda a humanidade.

Jardim da Gulbenkian, foto: Fundação Gulbenkian

Hoje em dia esta fundação é uma das maiores da Europa e inclui um museu, um jardim (um oásis no meio do caos do trânsito urbano), desenvolve atividades educativas, diversas exposições e vários concertos de música ao longo de todo o ano. É um espaço cultural que aconselho e pode sempre se sentar no jardim e fugir um pouco da agitação da cidade.

Para os amantes das compras

Bem perto da Gulbenkian (é assim que a gente se refere a este espaço) há um dos shoppings mais conhecidos de Lisboa. A cadeia espanhola El Corte Inglés chegou já há vários anos a Lisboa e em São Sebastião ocupa um edifício enorme com imensa variedade. No último andar há agora um espaço com restaurantes um pouco ao estilo do Mercado da Ribeira. Se pretende fazer compras este é um lugar interessante para visitar. Não é único, nem o meu favorito, embora para roupa e produtos mais diferenciados é uma excelente aposta. Em São Sebastião ande a pé até ao Marquês de Pombal. A distância é curta e nem vale a pena apanhar o metro. Mas vá pela parte junto ao Parque Eduardo VII porque lá no alto tem dois atrativos: um café com esplanada e um lago que ficam meio escondidos e depois a vista sobre Lisboa antiga e o Rio Tejo.

Parque Eduardo VII

Nesta mesma zona pode ainda ver a Estufa Fria, um jardim pago com grande variedade de plantas, mas que vale a pena pela sua beleza e tranquilidade. A entrada custa cerca de 3€.

O Areeiro

Começamos pela freguesia de Campolide e o seu Aqueduto das Águas Livres, demos a volta à movimentada e diversa freguesia das Avenidas Novas e vamos agora acabar numa freguesia mais pequenina chamada Areeiro. Esta zona é essencialmente residencial, com uma parte mais cara e nobre a norte já a colar com a freguesia de Alvalade. A Avenida de Roma e a Avenida Guerra Junqueiro foram outrora duas das mais importantes e chiques em termos de lojas, mas já não é a mesma coisa agora. Curiosamente, a Baixa despertou novamente e é lá que agora se concentram as lojas que não se encontram nos shoppings. Na Baixa e em Campo de Ourique, que já lhe falei no artigo passado. Mesmo assim esta zona é bem agradável e ainda mantém algum destaque. Pode-se passear na Guerra Junqueiro ou parar para tomar um café até chegar à Alameda, onde se encontra a Fonte Luminosa.

Fonte Luminosa, Alameda

A Alameda é, basicamente, um enorme relvado (gramado) que tem de um lado uma enorme fonte e do outro uma das mais conhecidas universidades de Lisboa – o Instituto Superior Técnico.

No próximo artigo vou falar de mais três freguesias que agora sim, estão, já longe do centro de Lisboa e são mais residenciais, mas que são talvez as minhas favoritas para morar. Estou a falar das freguesias de Benfica, com o seu enorme parque florestal de Monsanto; São Domingos de Benfica onde está o Jardim Zoológico e o shopping mais trendy de Lisboa e finalmente Alvalade, que é uma zona bem interessante para fazer compras e comer.

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