Você pode não saber que perto de Lisboa, mais precisamente a 25 quilômetros do centro da capital portuguesa, está uma obra grandiosa. Um palácio, convento e basílica com proporções dignas da corte e que deveria receber muito mais visitantes. Só para se ter uma ideia do tamanho, o prédio foi erguido num terreno com quatro hectares e tem 37.790m2 de área construída. São mais de 4.700 portas e janelas em 1.200 divisões. Escadas são 156 e são 29 os pátios e saguões. Por conta desta grandiosidade o Palácio Nacional de Mafra tem o maior corredor pedonal palaciano da Europa: são 232 metros que separam os aposentos do rei e os da rainha, um em cada torre.
As obras começaram em novembro de 1717 e a Basílica foi inaugurada em 1730. Para decorar a luxuosa igreja, no meio do Palácio, foram encomendadas 58 grandes estátuas de mármore carrara de diversos artistas além da utilização de pedras e madeiras nobres para o chão, janelas e decoração. Na lateral do corredor palaciano que liga as torres norte e sul, há grandes janelas de onde podemos avistar a basílica de cima e ver as celebrações lá realizadas. Toda revestida de mármore, a basílica tem ainda seis órgãos do início do século XIX.
Mas além de ser uma imponente basílica, o local foi criado como palácio para a família real passar férias e caçar nos arredores, na vila de Mafra. Tanto a caça era um motivo de orgulho, que há uma grande sala decorada com esse motivo e para onde as relíquias e conquistas da caça se destinavam. Mas de tão grandioso, o palácio tem farmácia, hospital, capela anexa ao pequeno hospital, cozinhas gigantescas, salas e mais salas que remontam a história da família real portuguesa como a sala das descobertas, a sala da bênção e dezenas de outras salas e salões.
A biblioteca
Talvez a cereja do bolo do Palácio de Mafra seja a sua impressionante biblioteca, que é considerada uma das mais bonitas do mundo. São mais de 30 mil obras clássicas e importantes e muitas delas raras, lindamente colocadas em prateleiras em estilo rococó. O chão é todo de mármore com belos desenhos. E ela, como o restante do palácio, é grandiosa: são 88 metros de cumprimento por 9,5 de largura num teto com mais de 13 metros de altura. Muitas das obras são encadernadas em couro e gravados em ouro. Entre as obras raras estão a segunda edição de Os Lusíadas de Luis de Camões. Ela é realmente impressionante e não a podemos visitar por completo, somente a podemos ver pouco além das portas, o que é completamente compreensível, pois sabemos como muitos turistas são e isso acabaria com a beleza e a aura de antiguidade do local.
Uma lenda urbana muito legal é que as obras da biblioteca do palácio estão muito bem conservadas pela ajuda de morcegos, que ajudam a evitar outras pragas e mantém os livros intactos. Outra é de que, quando o convento de Mafra, aos fundos da edificação, estava no seu auge, com pouco mais de 300 religiosos, se consumiam 120 pipas de vinho por ano além de ter duas vacas por religioso, para os abastecer de carne e leite.
O que vale mesmo a pena é dedicar duas horas para visitar esse belo palácio feito de pedra iloz e construído majoritariamente em estilo barroco joanino, com influência germânica.
E para o seu passeio ser ainda melhor, nós do Portugal Afora te levamos lá.