Uma das obras religiosas mais imponentes e grandiosas de Portugal está localizada na bucólica cidade de Tomar, na região centro do país. Estou falando do Convento de Cristo e apesar de a edificação ser conhecida como um convento, na sua concepção original foi construído como um castelo no ano de 1160. Funcionava como sede dos Cavaleiros Templários do Papa, o exército católico, que respondia diretamente ao representante máximo da igreja católica, um grupo considerado ‘escondido’ pela sua função estratégica de defesa. Mesmo quando os mouros tomaram grande parte da Espanha e de Portugal no final dos anos 1200, os Cavaleiros Templários conseguiram manter o castelo de Tomar sob o domínio do Reino de Portugal.
Mas houve uma mudança, quando muitos soberanos europeus, temendo que a figura do Papa tivesse mais poder do que eles, aniquilaram os Cavaleiros Templários. Mas diferente de muitos países do Continente, onde os Cavaleiros foram queimados, aqui em Portugal o Rei D. Dinis os poupou e os renomeou os cavaleiros da Ordem de Cristo. Essa nova ordem responderia ao rei e acabaria por ser desmilitarizada e convertida em uma ordem inteiramente religiosa.
Essa mudança de função fez com que a obra fosse sendo alterada ao longo dos anos, para atender as necessidades religiosas impostas pela conversão dos Cavaleiros. Essas adições incluíram claustros, corredores de conexão, um aqueduto e uma capela expandida, para não mencionar os trabalhos de ferro decadentes, pinturas e tapeçarias.
As alterações e complementos não seguiram um estilo arquitetônico único e foram inspirados pelos vários estilos predominantes ao longo dos séculos como o românico, o gótico e o renascimento. A maior atração é a capela manuelina, um estilo ornamentado encontrado originalmente apenas em Portugal. Foram tantos complementos na construção original, que as obras terminaram somente no século XVIII, deixando o imponente Convento como o conhecemos hoje.
Hoje, o Convento de Cristo é preservado como um museu. É um Patrimônio da Humanidade desde 1983. A impressionante arquitetura, os belos jardins e a vista incomparável oferecida pelo castelo no topo da colina valem o percurso de pouco mais de 130 km, desde Lisboa.