Na famosa Ponte D. Luís atravessamos o Rio Douro e já estamos em Vila Nova de Gaia, ou tão somente Gaia, como é referida muitas vezes. Ora, deste lado do rio, entramos numa outra cidade e num outro concelho e é da zona ribeirinha de Gaia que vamos falar.
Esta parte de Gaia, junto ao Rio Douro, é igualmente turística e quase rivaliza com a Ribeira pelo número de pessoas que por ali andam. Trata-se de uma zona de bares, cafés e restaurantes, mas é por outro motivo que ela é mais conhecida: as caves do vinho do Porto.
Estamos numa zona absolutamente privilegiada em termos de vistas para a cidade do Porto, nomeadamente a zona histórica, e ideal para passear. Também há regularmente eventos e mercados. Vamos então começar a desvendar o que esta zona tem de melhor.
As caves do vinho do Porto
A história do vinho do Porto é longa e tem diversos contornos, pelo que vou deixar essa história para um outro artigo. Vamos agora nos debruçar sobre as caves que estão situadas em Gaia porque merecem realmente uma visita quando for visitar a cidade do Porto. O vinho do Porto é possivelmente o vinho português mais conhecido mundialmente e emblemático da cidade invicta (como é conhecida a cidade do Porto). Ele pode ser apreciado de várias formas, quer seja como aperitivo, a terminar uma refeição ou até a acompanhar uma sobremesa. No meu entender ele é bom sempre que apeteça!
A região onde este vinho é produzido é Património da Humanidade pela Unesco e, ao contrário do que inicialmente se possa pensar, ele é produzido nos socalcos do rio Douro a mais 100km do Porto, em boa parte na zona da Régua, onde é produzido nas várias quintas que por ali abundam. A área é vasta com cerca de 250 mil hectares, onde 44 mil são de vinhas, mas apenas 26 mil hectares estão autorizados a produzir vinho do Porto. E de toda esta produção, composta por vários tipos de uvas, há critérios rigorosos de seleção das uvas, nomeadamente o Método de Pontuação, cujos parâmetros vão definir a qualidade das uvas. O resultado é um vinho licoroso com uma média de álcool entre os 19 a 22 graus e que é, portanto, produzido na Região Demarcada do Douro, cujas condições especiais climatéricas e de terreno fazem deste vinho um referência.
Para além da fama do Vinho do Porto, a região tem vindo a ganhar popularidade nos últimos anos pelas paisagens deslumbrantes que oferece ao visitante. O turismo rural de luxo tem hoje um papel importante, hotéis de alto padrão ajudados por uma culinária rica proposta em muitos restaurantes e um turismo de cruzeiros de rio que ganha cada vez mais adeptos.
Para entender melhor como se produz o vinho do Porto, os vários tipos que existem e processo de aguardentação (quando ao mosto fermentado é adicionada aguardente, tornando assim o vinho doce devido ao açúcar natural das uvas), nada melhor que visitar uma das atrações de Gaia (senão a maior): as caves de vinho do Porto. Existem 14 caves na zona pelo que o melhor será tentar escolher consoante o preço e horário da visita. Normalmente no fim da visita há direito a prova de vinhos e é bem interessante conhecer um pouco a história da marca que está por detrás da cave que está a visitar.
O teleférico
Para além do ponto alto desta zona que são as caves do vinho do Porto há também dois outros atrativos. O primeiro é o teleférico que está em funcionamento desde Abril de 2011 e que faz a ligação do tabuleiro superior da Ponte D. Luís e o Cais de Gaia. A viagem é curta, apenas 5 minutos num percurso de 600 metros, mas a perspetiva que se fica da cidade do Porto e dos telhados das caves do vinho do Porto é impressionante. O bilhete custa 6€ só uma ida, por isso suba e depois desça a pé, afinal como dizemos em Portugal – “para baixo todos os santos ajudam!” Lá em cima tenho que destacar não só a vista que é fantástica do rio Douro e toda a zona da baixa do Porto, como o Mosteiro da Serra do Pilar, cuja construção se iniciou em 1537 e é considerado um dos mais notáveis edifícios da arquitectura clássica europeia devido à igreja e claustro circulares. A entrada varia entre os 2€ e os 4€.
Os cruzeiros do Douro
O outro destaque são os cruzeiros no rio Douro que partem daqui em direção à região vinhateira do Alto Douro, ou seja, à zona onde estão as quintas onde é produzido o vinho do Porto. Há vários tipos de navios que vão do simples passeio de um dia até aos barcos-hotel. Há também réplicas dos antigos barcos rabelos, que eram as embarcações que inicialmente transportavam o vinho vindo da área de cultivo das uvas e que atualmente são usados para um passeio mais curto com trajetos de cerca de uma hora. E claro não esqueça enquanto estiver aqui de fazer a foto essencial com um barco rabelo e a Ribeira como pano de fundo. Vai ficar para sempre na sua memória.
O resto da zona
Vila Nova de Gaia é uma cidade essencialmente residencial, mas aqui nesta zona se estiver de carro sugiro que faça um passeio junto ao rio, na estrada paralela ao mesmo. Comece no Cais de Gaia e prossiga sempre junto ao rio até chegar à Rua da Praia. O trajeto é semelhante à marginal que existe no Porto, mas menos conhecido por ser de mais difícil acesso. Se estiver de partida em direção ao sul é interessante fazer algo diferente, por isso passe pela Afurada, Praia de Lavadores e apanhe a Avenida da Beira-Mar prosseguindo até Espinho, cidade onde pode facilmente retomar o caminho em direcão ao sul do país.