Conhecendo o Porto: a baixa portuense

Continuamos no centro do Porto mas já estamos agora mais longe do Rio Douro e da Ribeira. Vamos falar desta vez da zona que fica entre a parte sul da Avenida dos Aliados, Santa Catarina e o Mercado do Bolhão. Esta será, em traços gerais, a terceira zona do centro do Porto com monumentos e edifícios históricos.

Já no final da Praça da Liberdade e começo da Rua de Sá da Bandeira aparece uma igreja que merece o meu destaque. Talvez não seja a mais conhecida do Porto, mas esta igreja do século XVIII não passa despercebida ao visitante por causa dos seus onze mil azulejos de autoria de Jorge Colaço. A Igreja de Santo António dos Congregados tem uma fachada barroca e toda ela é dedicada a Santo António onde há um nicho com a imagem de Santo António, que é igualmente representado nos azulejos exteriores e em muitas pinturas no interior da igreja com cenas da sua vida. A entrada é gratuita.

Igreja dos Congregados, foto: Turismo do Porto

Atravessamos a rua e logo deparamos com um edifício enorme e meio austero até. A Estação de São Bento tem linhas direitas e por fora não há nada que se destaque, na verdade, mas é por dentro que ela brilha. Entramos e só temos tempo de ficar maravilhados e boquiabertos. Há azulejos para onde quer que nos viremos e o painel de vinte mil azulejos da autoria de Jorge Colaço não deixa ninguém indiferente. Neles, são retratados os transportes e diversos episódios da história e da etnografia de Portugal. Vale muito a pena entrar e conhecer esta estação de 1916, até porque quem sabe vai precisar de a usar porque dela ainda saem comboios (br: trens) para o Minho, Douro e Aveiro.

Vamos agora subir a Rua 31 de Janeiro porque queremos chegar à Praça de São João e ao teatro que carrega o mesmo nome. O Teatro Nacional São João foi inaugurado em 1920 e é um edifício com uma estrutura clássica , embora não tenha um estilo definido. Há visitas guiadas ao seu belo interior às 12h30 e custam 5€. Mas o que quero destacar nesta praça cheia de cafés está mais acima: a Igreja de Santo Ildefonso. Esta igreja é fotografada muitas vezes e digna de cartão postal porque é impossível não resistir aos seus onze mil azulejos que cobrem a fachada e as laterais das torres sineiras. A longa escadaria na frente abre caminho para o seu interior com oito vitrais e um retábulo em estilo rococó da primeira metade do século XVIII da responsabilidade de Nicolau Nasoni. A entrada é gratuita por isso não deixe de visitar.

Igreja de Santo Ildefonso, foto: turismo do Porto

Subimos agora pela Rua de Santa Catarina e chegamos a uma das zonas mais comerciais do Porto. Há lojas por todo o lado, mas uma que se destaca mais é precisamente um café: o famoso Majestic. Inaugurado em 1921 com o nome Elite, trocou mais tarde para o nome Majestic, embora tenha mantido ao longo dos tempos a sua beleza que serviu de inspiração para muitas tertúlias políticas e culturais. Este café é um exemplo da arquitetura Art Nouveau e perfeito para revisitar o período Belle Epoque, cujo interior tem imensos veludos, madeiras envernizadas, espelhos, tetos trabalhados, porcelanas e candeeiros (br: luminárias). Tem um ambiente requintado por isso vá lá tomar um café e viaje no tempo.

Majestic Café, foto: cafemagestic.com

Se continuar a subir a Rua de Santa Catarina chega ao Via Catarina – um shopping onde encontra as principais insígnias do país. Mas queremos para já virar na Rua Formosa em direcção ao Mercado do Bolhão. Antes de lá chegar ainda nos perdemos a olhar para a fachada da Pérola do Bolhão, uma casa centenária fundada em 1917 e que vende produtos de mercearia fina. Os azulejos anunciam chás e cafés no topo superior da fachada e a porta de entrada é ladeada por dois painéis que fazem uma alusão à rota das especiarias.

A Pérola do Bolhão, foto: Turismo do Porto

Mas é tudo tão perto que rapidamente chegamos ao Mercado do Bolhão. Ele ocupa todo um quarteirão (br: quadra) e é muito emblemático na cidade do Porto por todo o ambiente comercial que o circunda, mas especialmente pelo mercado em si. O edifício é de 1917 e é um misto de betão (br: concreto) com estruturas metálicas, cobertura em madeira e cantarias de granito. Dê a volta completa ao mercado e perca-se lá dentro para sentir o ambiente. Antes de descemos a Rua Sá da Bandeira, fazemos apenas um pequeno desvio na Rua Formosa e espreitamos a Confeitaria do Bolhão (ou comemos algo se for o caso disso), continuamos até avistarmos o Teatro Sá da Bandeira e A Brasileira, um novo conceito que reabriu em Março de 2018 e que junta café durante o dia, bar à noite, restaurante e hotel. Tudo num mesmo edifício. Sentamos agora para beber um café e recarregar energias no mesmo ponto de onde partimos nesta zona do Porto que é muito movimentada, com imensas lojas emblemáticas da cidade e que você não pode deixar de conhecer.


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