A zona ocidental do Algarve é chamada de barlavento, ou barlavento algarvio, e situa-se na faixa entre Vila do Bispo e Albufeira. Este termo náutico refere-se à parte da embarcação que está voltada para o lado de onde o vento sopra e acontece que é precisamente de oeste que sopram os ventos dominantes no Algarve, daí se ter começado a usar esta designação. O barlavento algarvio corresponde também ao Algarve mais conhecido, onde se situam as cidades com mais cafés, bares e restaurantes, onde se encontram a maior parte dos hotéis, campos de golfe e resorts e, em geral, é a zona mais movimentada a sul do país. Por isso mesmo vamos dividir o barlavento em dois artigos e vamos começar agora pela parte que vai de Sagres até Portimão. Vamos deixar de fora a Costa Vicentina que já falámos aqui e a parte serrana porque lhe vamos dedicar um artigo completo.
Saímos de Sagres pela N268 em direção a Vila do Bispo porque queremos apanhar a N125, a estrada que é o fio condutor de toda a costa algarvia e que se estende desta cidade até Vila Real de Santo António. Esta estrada, embora percorra todo o Algarve junto à costa, não é uma marginal, isto é, nunca se encontra com o mar apesar de ser paralela a ele. Na prática isto quer dizer que na maior parte das cidades ou praias temos que sair da N125, ir até lá e para sair voltar até essa mesma estrada 125.
Na zona de Sagres há poucas cidades porque estamos numa zona de reserva natural, mas a costa aqui também é bastante escarpada, apenas recortando uma ou outra praia, pequena e de difícil acesso. Depois da Praia do Martinhal, ainda em Sagres, apenas aparece uma ou outra praia – a do Barranco, Ingrina, Zavial, Furnas e Figueira. Tudo praias pequenas. É só lá mais à frente quando a EN125 se volta a aproximar do mar, que encontramos a Praia da Salema, um pouco maior e com uma aldeia com o mesmo nome. Depois disso vem a Praia do Burgau e a primeira realmente com um complexo hoteleiro significativo e com uma dimensão maior é a Praia da Luz. Esta última é uma praia muito bonita que vale a pena visitar.
Ponta da Piedade e Lagos
Antes de chegarmos a Lagos temos de fazer um pequeno desvio porque é imperativo irmos à Ponta da Piedade. Nesta zona há bastantes mais praias, mas continuam a entrelaçar-se por uma costa muito recortada e cheia de rochas que são conhecidas mundialmente. Neste pequeno cabo encontramos o Farol da Ponta da Piedade, mas é sobretudo a vista que se tem daqui que suscita o interesse de centenas de pessoas todos os dias. As formações rochosas valem muitas fotos e a vista que temos sobre toda a baía de Lagos quase até Portimão vale muito a pena a visita.
São bastantes degraus até chegar à água e em dias de calor pode ser meio cansativo, mas creio que não se vai arrepender. Lá em baixo há várias embarcações onde pode fazer passeios de barco na zona e apreciar melhor todas as cavidades rochosas e beleza natural da região.
Estamos praticamente às portas de Lagos, um paraíso para turistas, sobretudo ingleses, que escolheram esta zona por ter algumas das praias mais bonitas do Algarve, mas também porque Lagos é a primeira cidade vindo de oeste onde há realmente mais vida. Na faixa junto à Ribeira de Bensafrim, que corresponde aliás à zona mais antiga da cidade, há imensos restaurantes, bares e vida noturna para explorar. Para além desta agitação, Lagos é uma cidade tranquila, perto de uma das praias mais conhecidas da região – a Meia Praia com os seus 4km de extensão – mas a cidade tem poucos monumentos devido ao terramoto de 1755 que assolou a região. Destaco a zona onde está a Porta de São Gonçalo e o pouco que resta do castelo. Mas é bom perder-se até à Praça de Gil Eanes e passear por aqui. Feita a visita vamos agora deixar Lagos e continuar pela 125 em direção a Portimão. Só que mais uma vez a estrada deixa a costa e vai para terra. A Meia Praia fica nesta zona, mas entre ela e a parte costeira há uma linha de caminho de ferro, fazendo com que esta praia ainda conserve um aspeto meio selvagem porque o seu acesso não é dos mais fáceis apesar de já estarmos numa zona mais plana e sem rochas. O vento pode soprar forte aqui e apesar de bela, esta praia pode ser meio desabrigada em dias de vento.
A Ribeira de Odiáxere que desemboca no mar nesta área forma a Ria de Alvor, uma zona de terrenos arenosos onde a água circula e faz esses até chegar ao Atlântico. A vila piscatória de Alvor, que foi uma povoação árabe e onde se destaca a igreja do Divino Salvador, é muito procurada durante o verão. De um lado o rio Odiáxere forma uma espécie de marina natural com barquinhos coloridos e do outro temos uma praia enorme que se estende até à Praia dos 3 Irmãos.
Continuamos agora na estrada M531 porque queremos entrar em Portimão pela zona mais conhecida e turística. Antes temos, ainda, a Praia do Vau e a Praia dos 3 Castelos numa zona em que a costa fica novamente rochosa e recortada fazendo antever as tão conhecidas paisagens de uma das praias mais conhecidas de Portugal – a Praia da Rocha.
Portimão
Esta cidade é uma das maiores do Algarve e são praticamente duas cidades numa só, isto é, a zona mais perto do mar tem muitos prédios altos e corresponde à zona mais turística onde estão grande parte dos restaurantes, hotéis e lojas; a outra, onde está o centro mais antigo é paralela ao Rio Arade e é uma zona mais tradicional, embora também com bastante comércio e restaurantes.
A Praia da Rocha é magnífica, imponente pelo seu tamanho e muito bonita. Ela é a principal praia de Portimão e estende-se da Praia dos 3 Castelos até ao Rio Arade, que nasce na Serra do Caldeirão e que tem a sua foz aqui em Portimão. A praia tem um passadiço ao longo da sua extensão com bares e restaurantes e no seu final aparece a marina, uma zona com mais restaurantes e muito espaço para apreciar a vista do rio que aconselho muito.
Mas é na Avenida Tomás Cabreira, que é paralela à praia, que vai encontrar mais comércio e gente a passear. A outra parte de Portimão que é uns 80% da cidade é bastante mais residencial. No entanto, entre a marina (uma segunda que fica no rio) e a Ponte Velha (perfeitamente transitável) há uma zona boa para passear e andar de bicicleta. Merece a pena porque a vista do rio é bonita e há muitos cafés para poder sentar um pouco e retemperar energias.
Portimão é uma cidade com uma estrutura maior, com um grande centro comercial e com muito comércio. Ela foi reconstruída após o sismo de 1755, mas se quiser saber mais sobre a presença romana e islâmica bem como toda a atividade marítima da zona pode visitar o Museu de Portimão que está instalado numa antiga fábrica de conservas, sendo por isso também um museu dedicado à história da pesca e da conserva. Ele fica perto da marina, na Rua D. Carlos I.